sábado, 3 de maio de 2008

antes do mundo acordar

Meu desgaste não é físico, nem quero desligar-me dessa consciência de agora, quero apenas afastar-me da consciência dos outros. Permaneço na madrugada tranquila pois é quando se está só e se pode descansar do resto. Se durmo, quando eu levanto o mundo já está de pé de novo e há muito tempo. Assim não dá... quem é que tem sossego com essa gente indo e voltando, se comunicando sem parar e inovando e acontecendo sempre, sempre e sempre?
O problema maior de se entregar ao sono é que de manhã já terei a rotina a me esperar. Quero viver cada uma dessas horas leves e escuras.
Não são preciosos aqueles segundos ao acordar, em que as lembranças ainda não chegaram? Mas elas vêem e moldam a minha cara no travesseiro, o buraco de um corpo no colchão, a realidade novamente; não quero isso - não agora, talvez outro dia. Até amanhecer fico num tempo em que o mundo permanece à vontade, sem que ninguém olhe, escute, em que ninguém saiba nem se interesse.
Nesse isolamento a concentração acontece mais fácil. E nesse estado tudo o que a gente faz fica melhor, pelo menos é o que se acredita. Espero que seja verdade, preciso melhorar algumas coisas, só não sei se quero o bastante, vou esperar o pãozinho sair.