sábado, 14 de novembro de 2020

Pequenos Ícaros

 A pipa que você leva junto ao corpo

com o escudo do Capitão América

me faz pensar:

onde estão os super-heróis agora?

Protegendo quem senão você?

Só o que te salva é essa brincadeira.

Feita de papel de seda, cola e graveto.

Diferente do mundo que te prende

em papel pautado, margens e grades.

Você já viu a maldade do mundo

O ódio nos olhos de teus heróis

A humilhação de quem pedia ajuda

A morte de quem ainda não tinha idade

São linhas tênues, cortantes,

rasgam fundo sua alma,

armadura de pantera.

Você já entendeu que esse mundo é um grande nó

E que qualquer super-homem se emaranha.

Então vai do seu jeito,

voa como pipa

Solta a linha,

que a gente te segura pelo fio.

Usa todo carretel

até a gente quase não te ver mais.

No céu longe, só um pontinho.

Mas depois volta,

Volta, pois a liberdade não batizará o céu

Enquanto os mitos forem louvados

e os pequenos Ícaros esquecidos.

Por um fio

Você já ouviu um homem gemer até você não saber se é prazer ou se já é dor?
Já sentiu a pele dele tremer e ter que ir mais devagar?
Ele já te disse que sente medo, mas que não quer parar?
Com as duas mãos sugiro que abra as pernas,
deslizo o dedo em sua virilha até meus coro encontrar seu cu.
Mas esse fogo gera cinzas em meu peito
Quando gozo elas sobem, sublimam e saem como lágrimas
Outras vezes tusso em um pedaço de papel e as cinzas saem formando desenhos, letras
até poemas inteiros