domingo, 9 de junho de 2019

No primeiro gole a voz embarga, os olhos marejam.
No fim da lata, a língua enrola e uma mulher no caminho, é ninho.
Sedento por novos toques, outros cheiros. Nem sempre tão diferentes assim.
Ele adentra os mesmos cômodos, o mesmo sexo desprotegido.
No terreno dele muitas mulheres perdem força.
Ao luar, a fogueira mais próxima, regada à vinho, não é a que a celebra mulher.
É a que a consome, lentamente.
No terreno dele, a lei é que o amor sempre perdoa.
Assim mantém o conforto de um relacionamento e o descompromisso de menino.
No terreno dele ela é lar sagrado.
Se aceita os limites, enterra as provas, levanta as paredes e afasta aquelas que teriam outras histórias para contar.
Histórias que se repetem com novas desculpas, outras promessas. Nem sempre tão diferentes assim.
Ele adentra os mesmos cômodos, o mesmo sexo desprotegido.
Depois são silenciadas, descartadas, desacreditadas.
Algumas somem de cena.
Outras assistem tudo no íntimo de sua residência, conformadas de que nem sempre o amor vale a pena.
A cura é cara, cobra cada espasmo de prazer, cada palavra ainda engasgada e cada pequeno abandono acumulado.
Por isso mudo sempre a direção, dou a volta no quarteirão querendo um dia reencontrá-las
no terreno sem dono,
no gozo sem culpa
no ardor e alívio de nossa verdade